quarta-feira, julho 18, 2012

ó Relvas, demissão à vista



«Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.»
Mahatma Gandhi


O célebre aforismo «à mulher de César não basta ser séria , tem que parecer séria» que terá sido usado pelo próprio César para justificar o afastamento da mulher Pompeia aquando do surgimento de rumores de infidelidade, significa essencialmente que aqueles que desempenham cargos públicos não podem ter qualquer  suspeição sobre si mesmos, seja ela profissional, pessoal, académica....

Ora, a propósito, pergunta-me a Arlete Pedro em comentário a post anterior, porque não falei ainda aqui no caso "licenciatura Relvas". Não é totalmente verdade, já escrevi uma indiretas aqui e umas mais diretas no facebook.


Verdade é que não gosto muito de fazer ataques pessoais, e Miguel Relvas até foi meu adversário - e ganhou-me - na candidatura à presidência da Assembleia Municipal de Tomar.
Também é verdade que este já não é um caso pessoal, apesar de ser essencialmente do foro da ética, ele é já político porque tem que ver com a credibilidade e coerência (além de poder existir algo "menos legal") de um governante de peso e por arrasto de todo o Governo.
Sim, eu podia replicar tanto do que se diz por esse país fora, mas gosto de não me limitar a repetir o que alguém já disse. Por vezes o silêncio vale mais que mil palavras.


O que há, enfim, a dizer mais sobre a questão? Apenas que dificilmente Passos Coelho pode retirar Miguel Relvas do governo e manter-se lá, mas também que dificilmente se manterá lá se lá mantiver Relvas.
E se mais não for, por isto: há muito muito tempo que que ninguém contribuia tanto para o anedotário nacional e é impossível um membro do governo manter-se nesta situação que compromete todo o governo, por mais que tenham alguma ilusória esperança que as marés de agosto possam lavar a memória dos portugueses.
Ao pé de Relvas, todos os casos Sócrates, que além do mais não passaram de fumo, eram brincadeiras de criança.


É certo que, com um primeiro-ministro que politicamente veio praticamente do nada, e com todo o protagonismo e poder que isso coloca em Relvas, era fácil prever, como muitos fizeram, que isto viria a acontecer. Relvas é já um zombie político, e eu tenho pouca predisposição para falar de mortos que em vida não fizeram nada de jeito para além do que em primeiro interessasse ao próprio umbigo.
Além disso eu defendo a eutanásia o que em política também se aplica por vezes, e e por isso defendo que no governo, tal como tenho defendido quanto à presidência da Assembleia Municipal de Tomar, deve ser Relvas a decidir se ainda tem condições para continuar - as atitudes, e a ética, ficam com quem as pratica.


E depois, deixem-me lá ser totalmente honesto. Como cidadão nabantino que sabe que Tomar precisa de uma mudança, e como socialista convicto que acha que essa mudança só é possível com o PS - por mim Miguel Relvas há-de desempenhar a função de presidente da Assembleia Municipal até ao último dia do mandato, bem como muito gostaria (apesar de ser cada vez mais difícil) que também no governo ele esteja pelo menos até às eleições autárquicas.
É que os portugueses em geral e os tomarenses em particular demonstram muitas vezes terem a memória curta, e por isso tudo o que os puder lembrar até ao último dia deste mandato sobre quem os tem governado é, numa certa perspetiva egoísta, admito, muito bem vindo.

Daniel Oliveira escreveu no expresso um excelente artigo onde parece concordar comigo:
«Miguel Relvas é hoje o calcanhar de Aquiles de Passos Coelho. E é bem feita. Ele sabia bem com quem se estava a meter. Quem chega mais alto às cavalitas de um coxo deve estar preparado para cair com ele. Por mim, acho excelente que Relvas se mantenha no governo. Na sua exuberância, é uma excelente montra da natureza ética de um governo que vive dos negócios e para os negócios.»


3 comentários:

Unknown disse...

Escreve você "Ao pé de Relvas, todos os casos Sócrates... ... ...eram brincadeiras de criança." O bispo da forças armadas comunga dessa visão, afirmando que ao pé deste governo, o anterior era de anjinhos...
Falta apenas esclarecer um pequeno detalhe: É do domínio público que Sócrates está há bastante tempo a gastar em Paris pelo menos 15 mil euros por mês. Não é brincadeira nenhuma! E como, ao contrário de Relvas, não se lhe conhece qualquer emprego ou outra fonte de rendimento, mesmo sendo socialista, não seria de inquirir? Há nódoas que o tempo nunca apaga...

HC disse...

Sócrates foi o primeiro ministro mais atacado da história da democracia portuguesa, ao nível pessoal, profissional, académico... mas poucas vezes político.
E muitos desses ataques eram orquestrados por quem parece agora provar um pouco do mesmo veneno.

Nos meandros todos o sabiam, mas são daquelas coisas que entram no diz que disse e são difíceis de provar. Mesmo já não sendo primeiro ministro continuam a tentá-lo e algumas manchetes saídas normalmente em momentos muito oportunos enquanto este governo ainda estava em estado de graça são disso bom exemplo: "o sobrinho de sócrates fez isto, o tio de sócrates aquilo, o vizinho aquel'outro"...

Essa coisa do "ele mora no sítio tal, ele gasta x, ele veste y" continuam a ser o mesmo de sempre: coisa nenhuma. Sò serve para ludibriar o pagode.

O Sócrates nunca escondeu que vinha de famílias endinheiradas, como também é público que pediu um empréstimo para estar em Paris - tudo o resto são fantasias em que acredita quem quer.

No dia em que tiverem alguma coisa de concreto e levarem o senhor a tribunal, talvez ele se possa defender.
Até lá não passa de conversa para vender jornais.

Falemos de política, e aí, o governo PS tinha opções que podiam ser discutíveis, mas eram claras e Sócrates bateu-se por elas até ao último dia.

Anónimo disse...

epá isto vai animar :)


não vou perder as cenas dos próximos capítulos nos Vossos blogues...


a má língua do costume :)